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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Antes que o Patrimônio material de Garanhuns suma

Não há por que negarmos que Garanhuns é a cidade do “já teve”, ou como quer o radialista do Programa “Manhã Total”, a cidade do “só lembranças”. Nossa cidade abre margem para afirmarmos isso diante do que tem por aqui acontecido. Dessa vez falamos da onda de extermínio que está assolando os imóveis, os prédios históricos de nossa Garanhuns. É fato que, à guisa de patrimônio cultural material, muito já perdemos ao longo destes anos – uma das maiores perdas, durante o governo de Bartolomeu Quidute, “o castelinho”, a casa onde morou Ruber Van der Linden, um dos nomes que muito contribuíram com a “Cidade das flores”, em diversos segmentos. E o pior, após derrubá-lo, acabou não se construindo nada de interessante no local. Triste, não?

Entretanto, recentemente, pudemos observar a queda de pelos menos mais três belas casas, de estilo arquitetônico muito em voga nas décadas de 30/40, casas situadas na Rua José Mariano (antiga Rua do Recife), tradicional pelas famílias que lá moraram durante as primeiras décadas do século XX, em Garanhuns. Em tempo menor, há mais ou menos um ou dois meses, vimos alguns homens fazer desmoronar a casa onde funcionava o consultório do Dr. José Walter, ao lado da CITOLAG, na Av. Santo Antônio. Esta era uma das casas que atestavam o desenvolvimento de Garanhuns, após sua condição de cidade.

Para quem não sabe, a “terra de Simôa” lá fora já foi respeitada também pela riqueza de sua arquitetura, que conservava algumas casas e prédios que mantinham o estilo neoclássico, em Art Decor, uma arquitetura pouco conhecida até mesmo em algumas cidades da região. Por ora, se diga que esse privilégio arquitetônico que temos aqui está sumindo de nossa cidade. O motivo? Vários. O principal? A falta de uma política municipal que defenda a conservação de nosso patrimônio material. Em cidades como Olinda, por exemplo, sequer é permitido que seja posta uma caixa d’água em cima de algumas casas que comportam arquitetura de época. Lá existe, só para se ter uma ideia, vigorante lei municipal que acoberta a conservação de seus prédios históricos.

Às vezes a impressão que temos por aqui é que boa parte de nossos representantes públicos pouco se lixam para com a memória de nossa cidade, e é essa maioria a que não valoriza a crença de que o povo também é sua história, seus patrimônios, seus bens, sua memória, sua arte, sua cultura. Sabemos que as questões aqui levantadas desembocam numa longa discussão. Porém, esperamos, que os nossos gestores da esfera pública se sensibilizem, e não pensem em tombar somente o Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti. Garanhuns não só tem este como referência predial a ser tombada. Temos, ou melhor, restaram ainda alguns prédios que merecem ser preservados, antes que outros desleixados venham permitir fazê-los ruir.

Nossa cidade deve aprender a olhar para ela mesma. Olhar e valorizar as raras casas que mantém um traçado arquitetônico daquela Garanhuns de outrora - quando havia poesia nas ruas.

Um comentário:

  1. A casa do Luís Jardim também, como você já escreveu em jornal.

    Wagão. aumenta um pouco mais a letra do blog. Ficará melhor de ler.

    do seu leitor da boa vista, Hortta Maria Gonzales.

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