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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ranúsia: uma garanhuense trucidada pela ditadura militar

O Brasil desenhou muitas páginas negras em sua história quando viveu o período da ditadura militar. Não foram poucas as pessoas que pagaram com suas vidas por defenderem ideias opostas às do sistema. Entre elas, figura o nome de uma mulher nascida em Garanhuns, e que a cidade ignora totalmente a sua história. Até mesmo a maioria dos que viveram o período ditatorial desconhecem quem foi Ranúsia Alves Rodrigues (foto). Vamos a relâmpagos de sua história.

Nascida em Garanhuns, mais tarde migrou para Recife, a fim de cursar Enfermagem, na UFPE. Sendo destaque na Universidade, passou a se envolver com o movimento estudantil, integrando o Diretório Acadêmico. Em seguida, se filiou ao PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário).

Adotou os pseudônimos de “Olívia”, “Florinda” e “Nuce”, para atuar na clandestinidade. Nesse período, engravidou. Teve uma filha, de nome Vanúsia. Os pais de Ranúsia não eram de acordo com as aventuras políticas da filha. Assim, mesmo sabendo que seria arriscado a filha cuidar de uma criança em paralelo com a vida de militante, não quiseram assumir a neta, que então foi submetida aos cuidados de Almerinda de Aquino, uma empregada da família.

No ano de 1968, quando participava do 30º Congresso da UNE, Ranúsia foi detida pelos militares em Ibiúna (SP). Contudo, logo libertada. Nem por isso deixando de continuar sendo ferrenha combatente da ditadura. Anos se passaram e a garanhuense cada vez mais viria a envolver-se de corpo e alma a favor da resistência.

Foi, portanto, no ano de 1973, que Ranúsia levaria a pior, na Praça Sentinela, Jacarepaguá (RJ). Foi assassinada com rajadas de tiro, sem nenhuma piedade. De acordo com o livro Dos Filhos Deste Solo, Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio relatam a cena: “Chovia na noite de 27 de outubro de 1973, um sábado. Alguns poucos casais escondiam-se da chuva junto do muro do Colégio de Jacarepaguá, no Rio. Por volta das 22 horas, um homem desceu de um Opala e avisou: ‘Afastem-se porque a barra vai pesar’.

Continuam: “Não ouvimos um gemido, só os tiros, o estrondo e a correria dos carros”. (...) Vindos de todas as ruas que levam à praça, oito ou nove carros foram chegando, cercando um fusca vermelho de placas AA-6960 e despejando tiros. Depois jogaram uma bomba dentro do carro. No final, havia uma mulher morta [Ranúsia] com quatro tiros no rosto e peito e três homens carbonizados”.

2 comentários:

  1. Muito bom o post. Fez-me lembrar de grandes militantes dessa época obscura do nosso país...
    Amaro Luiz de Carvalho, Manoel Aleixo, Emmanuel Bezerra, Manoel Lisboa de Moura, Amaro Félix...
    Esses são nomes de destaque... Mas há muitos que militaram e deram seu sangue pela democracia. Eu me orgulho de poder conhecer a história de Ranúsia, mulher, militante, nordestina e Garanhuense *-*

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  2. Eu fico indignado é porqeu muitos dos políticos que estão posando de bonzinhos aí massacraram pessoas nessa época e ninguem fala nada, principalmente a imprensa.

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