Pra desacelerar...

Na música brasileira ultimamente tem se visto muitas coisas ruins. Risíveis até. Porém, a Banda Calypso vai além, e consegue ser insuportável. Bem que se poderia comentar aqui o que há de bom em nosso rico cancioneiro. Entretanto, até alguns de nossos maiores nomes da música estão se rendendo à banda paraense. Primeiro, Zé Ramalho, que inventou de gravar com a galega gasguita a música “pássaros noturnos”. Agora, Raimundo Fagner, grava também com ela a música “sem direção”, no DVD ao vivo dos 10 anos da banda.

É verdade que nossa música muito foi enriquecida quando ousou fundir ritmos e melodias “desse almanaque que é o Brasil”, como diz Oswaldo Montenegro. Mas no caso da fusão “boa música” e o ritmo do Pará, foi um desastre. É um desastre. Há mesmo quem curta a Banda Calypso por achá-la dona de um ritmo alegre, envolvente. E o ritmo o é. Entretanto, o mal está quando surge a voz desafinada da vocalista Joelma e as letras rasteiras da banda; aí é uma desgraça. A banda cresce pela alegoria de seus dançarinos e músicos, mas se arruína pela artificialidade vocal e pela má conduta moral (antes e após os shows) do guitarrista que se sente o Mark Knopfler (guitarrista do Dire Straits).

A boa música brasileira sofre o mal da não resistência por parte de alguns que foram até personagens da luta pela preservação de uma digna qualidade musical em nosso país. E isso é uma moléstia. Chegará um tempo em que será válido mesmo desinventar o que toca nas rádios de massa do Brasil, para ver se é possível nossos ouvidos e nossa alma parar com esse “acelerou, acelerou, acelerou...”