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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Esse nosso pequeno grande sentimento de ser brother


Há toda uma sensação de bem estar por trás de alguns formadores de opinião ao se publicar algo escrito de punho próprio criticando o Big Brother Brasil, da rede Globo. Existe ainda um arrebatador número de intelectuais que se sente o máximo ao escrever em jornais ou revistas dizendo que o BBB é “uma porcaria”. Lógico, para não se sentir uma criatura esdrúxula, quem seria capaz de discordar? Ora, não vamos levantar aqui uma inquebrantável bandeira para a defesa do reality show, nem temos razão para tal, porém algumas questões devem ser repensadas com sensatez.

Se afirmássemos que na realidade todos nós temos um pouquinho de brothers em nosso hipócrita convívio humano, seria exagero? Claro que não, pois lá na “casa mais vigiada do Brasil” eles fazem tudo que nós, cá fora, fazemos – incessante e ininterruptamente. Lá eles formam laços, os desfazem; se amam, se odeiam; bebem, têm ressaca; brigam, fazem as pazes; falam do mais íntimo de seus sentimentos, mentem; se desejam, se reprimem até quando dá; cantam, dançam, se beijam, se abraçam, e por aí vai. Ou seja, quem não tem ao menos um pouquinho disso tudo em sua rotina, é uma criatura vegetável. Só que a questão é: nós, de fora, temos um espaço bem mais amplo, porém, a depender de cada um, privado; já os brothers, têm toda uma plateia de milhões de espectadores, dentro da pequena geografia de uma casa.

Outra coisa: ao invés de manter um discurso lugar-comum, onde o BBB é um programa que tem todo um “clima de total devassidão e promiscuidade”, por que não assumir nossa humana inclinação natural à perversão sexual? O "pai da psicanálise", Freud (1856-1939), que o diga. Por outro lado, concordamos que certas cenas não são saudáveis para crianças. É fato. Porém, os pais que reclamam de tais cenas do BBB são os que menos moral tem para tirar seu filho da frente da TV. Já observaram?

Ainda levantando outra questão, nesta frenética vida do século XXI, em que quase nunca temos brecha para entender nossos atos, nossa relação, nossa condição diante do outro, por vezes não percebemos que o BBB é um exercício de observação da vivência interpessoal. E sobre isso podemos ter um leque de pontos a serem discutidos, de maneiras sensata e crítica. Quantas pessoas não perderam seus empregos, deixaram faculdades, saíram de casa, foram infelizes em seus casamentos, entre outros, por não terem maturidade para “viver com”? Nesse sentido o BBB serve de mote para se discutir o que é viver em grupo, como aceitar e viver com o outro, apesar do outro ser como ele é.

Por esta ótica e, como diz o jornalista Miguel Rios, “olhando com menos má vontade intelectual e mais senso crítico popular se aproveita o Big Brother. Realismo fictício sim, sobrevivência social também. Personagens de frases ralas, ideias idem, peitos, bundas, bíceps, tórax, invasão e evasão do de que é privado, de maneira consentida, planejada e espontânea. Humanos. Se são humanos, nada do que fazem nos é estranho.”

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